Acho que preciso escrever sobre essa doença que vem dilacerando uma vida inteira. Não tenho autorização de falar dele, mas tenho autorização de falar de mim e da doença. Meu marido tem polineuropatia e ela vem sendo uma inimiga cruel e silenciosa.
Saber o que a outra pessoa sente é impossível, afinal a sua dor não é a minha, mas ver perdas de sensibilidade e dores, choques involuntários, calado deve ser um sofrimento interminável.
E de repente você é a provedora, a médica, a enfermeira, a socorrista, a que acorda a noite com engasgos que não acontecia antes, com quedas de pressão repentinas no banheiro e sempre quando você sai para trabalhar e deixa sozinho você pede para Deus e os anjos da guarda segurar de cada lado. Ele nunca foi de sorrir muito, mas agora bem menos, ver o dia passar apenas sem falar muito. e os problemas? A eles são incansáveis e como um ceifeiro, não nos deixa respirar.
A vida não é fácil. Hoje posso estar aqui pensativa no que fazer, mas amanha é outro dia, dia de respirar e pensar no próximo dia. Como jesus disse, para cada dia sua ansiedade.
Polineuropatia é uma doença que não tem cura até o momento, tira a sensibilidade de membros inferiores e superiores e a pessoa tem dor intermitente. Não consegue sair da cama tem dias, tem dias que ta super bem e consegue ir na cozinha. São dias intermináveis de como será... e eu vendo de fora vivo de angústia e pensamento de como poder ajudar.
Quer saber…
Não sei
me sinto perdida no meio de um abismo de impossibilidades e não ter onde escorar para chorar sequer.